quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CENTENÁRIO: ATÉ JUNHO DE 2011 EM BELÉM DO PARÁ



Estamos a menos de um ano do Centenário das Assembléias de Deus no Brasil. Faço parte de um grupo de blogs que há alguns meses lançou, simultaneamente, uma campanha pela unidade nas comemorações, que incluísse a CGADB, a CONAMAD e a Igreja-mãe. À época ficamos de enviar uma carta às lideranças da igreja em todo o país com essa proposta. No entanto, de lá para cá muita água rolou debaixo da ponte, como todos estão fartos de saber através de diversas postagens na blogosfera cristã e de matérias veiculadas nos portais de notícias evangélicas.


Creio que a ideia ainda não se esgotou. Temos tempo de enviar, nas próximas semanas, a referida manifestação como nossa última tentativa com a única finalidade de ver a igreja unida numa celebração que possa trazer glória ao nome do Senhor. Quem sabe essa possibilidade se torne concreta mediante a intervenção miraculosa do Altíssimo? Deus é soberano. Todavia, após refletir e orar por algum tempo, tomei uma decisão. Mas antes de anunciá-la, preciso fazer algumas considerações.


O Centenário não é da CGADB. Também não é da CONAMAD. Ambas são instituições que surgiram anos depois. Nem é da responsabilidade da CPAD, que, no máximo, pode contribuir com o devido patrocínio para o evento, e não tomar conta da festa. Por outro lado, não pertence, também, a qualquer personalidade, seja ela quem for. Não estaremos celebrando o nome de uma autoridade eclesiástica. O Centenário é das Assembleias de Deus, embora as organizações mencionadas possam estar envolvidas em sua promoção. O que não se compreende e jamais se aceita é que cada parte, em detrimento da outra, promova a própria comemoração de uma data que é comum a todos os assembleianos.


Quando era bem jovem e muito idealista, diziam-me que eu deveria pôr os pés no chão e viver no mundo da realidade. Amadureci. Mas não perdi o idealismo. Acredito ser possível abrir mão de outros interesses em favor da causa maior representada, neste caso, pela celebração do Centenário. Nossa motivação não é enaltecer os feitos de qualquer líder contemporâneo. O que desejamos é agradecer a Deus por ter enviado ao Brasil dois jovens missionários de nacionalidade sueca, os quais, por amor ao evangelho e cheios de ardente paixão, para chegarem até esta nação, renunciaram experimentar o provável futuro conforto trazido pelo progresso de uma nação – os EUA – que viria a despontar como a grande potência do século XX. Gunnar Vingren e Daniel Berg não tinham outra intenção senão ver reluzir em terras brasileiras o fogo pentecostal que desde a rua Azuza se espalhava pelo mundo.


Nossa motivação é celebrar diante do Senhor o esforço desses abnegados, que, por direção de Deus, resultou, em 18 de junho de 1911, no nascimento da Assembleia de Deus em Belém do Pará. Essa história ninguém pode mudar. Muitos pastores pastorearam a igreja e outros certamente a pastorearão, se o Senhor não voltar logo. Mas ela continuará a ser a Igreja-mãe. A que deu vida a milhares de outras igrejas em todo o Brasil. A semente não ficou apenas em solo paraense, mas frutificou e, apesar da crise institucional que ora enfrentam as instituições que representam a igreja, não podemos fechar os olhos ao que Deus fez através dos anos através de milhares de heróis, muitos deles no anonimato, que não tiveram a sua vida por preciosa, mas, andando e chorando, espalharam a sementeira dos frutos que nasceram no Pará para que outros futuramente pudessem, com alegria, colher em todo o país os molhos da grande colheita.


Esta é a nossa celebração. É nisso que acredita o povo assembleiano de todo o Brasil. Mas não podemos estar apartados do lugar onde tudo começou. É inconcebível pensar em toda essa história pujante sem lembrar a Igreja-mãe. Sem voltar ao passado e ver ali o valor das lágrimas muitas vezes derramadas pelos primeiros missionários e pelos primeiros crentes em favor da proclamação das boas novas em todo o país e a salvação de milhares de brasileiros. Creio que não podiam imaginar a dimensão do trabalham que realizavam. Mas a prova aí está, com milhares e milhares de Assembleias de Deus espalhadas pelos quatro cantos do Brasil.


Tudo começou em Belém do Pará. Tudo começou com a Igreja-mãe.


Com essas considerações em mente, quero informar aos que me dão a honra de acompanhar este blog que, se Deus quiser e me der saúde e condições até junho de 2011, tomei a decisão de celebrar a data participando das comemorações que serão realizadas pela Igreja-mãe em Belém do Pará naquele mês. Quero estar no porto, junto às escadas por onde subiram Gunnar Vingren e Daniel Berg para tocar pela primeira vez em terras brasileiras. Quero passar pela praça aonde se assentaram, com as suas pesadas malas, para descansar, pensar e orar, enquanto tomavam as primeiras decisões que iniciariam o processo de gestação do embrião que ora se formava em sua visão missionária. Quero refazer todo o percurso que fiz por ocasião dos 85 anos, em companhia do meu saudoso sogro, também paraense, em desfile pelas principais ruas da cidade, até chegar ao templo central.


Enfim, quero estar no meio do povo, sentar nos bancos da igreja, junto aos demais irmãos, como simples figura anônima, para, ali, adorar ao Senhor por ter sido fruto da chamada desses dois missionários e de tantos outros obreiros do Senhor que saíram de Belém para propagar o santo evangelho em outras regiões do país até chegar ao sudeste antes de passar por terras paranaenses e catarinenses e alcançar os pampas gaúchos. Ali quero derramar as minhas lágrimas de gratidão por aqueles que desbravaram o interior do Rio de Janeiro e chegaram até Petrópolis, para, enfim, alcançar o então distrito de São José do Rio Preto nesse município.


Muitas famílias do lugarejo chegaram ao conhecimento da verdade pentecostal. Entre elas as que deram origem aos meus saudosos pais, pastor Joaquim Martins do Couto e Carmélia dos Santos Moreira, instrumentos usados por Deus para me trazer ao mundo e plantar em meu coração a mesma semente plantada em Belém do Pará, no ano de 1911, e que hoje me permite servir a Deus de toda a minha alma.


Sinto-me plenamente parte dessa celebração. E ela não exclui a Igreja-mãe. O meu desejo é que toda a liderança e todos os irmãos assembleianos pensem assim. Não iremos ao norte para celebrar o homem, mas para celebrar a Cristo.

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