Texto: Gênesis, 42
A pergunta é: que tipo de pessoa estamos nos tornando à medida que caminhamos com Deus? Ou, que tipo de gente estamos nos transformando à medida que vêm as lutas e as dificuldades? Ou ainda, que tipo de ser humano estamos nos tornamos quando recebemos poder?
O que as infindáveis campanhas de prosperidade, têm gerado no caráter das pessoas? Uma vez que, as pessoas são julgadas perante Deus pelos conteúdos do caráter e não pelo que possuem.
Estou certo de que a vida de José responde entre outras, estas questões.
1. José se tornou o tipo de pessoa que mesmo vivendo estreitamente ligado ao paganismo, não se deixou vencer por ele. Vv.7-8.
A pergunta chave para entendermos o contexto deve ser: por que os irmãos de José não o reconheceram? A resposta óbvia é porque José estava diferente. Vejamos:
Ele não se chama, mas José, do Hebraico yôseph isto é, que Deus acrescente. Agora ele tem um nome egípcio: Zafenate-Panéia, que quer dizer “o deus que vive e fala” ou o “salvador do mundo” 41.45.
José não fala mais na língua materna, o hebraico, e sim na língua egípcia 42.23.
O jovem hebreu também possui uma mulher egípcia que se chama Azenate, que é filha de um sacerdote pagão (41.45). E o nome da sua própria mulher quer dizer: “alguém pertencente à deusa Neith”. E com essa mulher ele tem dois filhos.
José veste-se como egípcio, pois está inserido numa cultura egípcia (41.42). No entanto seus valores com respeito a Deus permanecem o mesmo.
Entendo que esse deve ser o nosso grande desafio como cristãos. Viver no mesmo lugar em que vivem outros pecadores, sem, todavia tomar parte nos seus pecados.
“Quando Jesus ordenou que fôssemos a luz do mundo e sal da terra, ele referia-se exatamente a esse desafio de convivermos onde há trevas e imundície sem nos deixarmos contaminar”
Não podemos viver duas realidades, por conseguinte, viva na igreja como você vive no mundo, e comporte-se no mundo como se estivesse dentro da igreja. Por muitos anos foi ensinado que o “mundo” deveria se converter e entrar na igreja, a meu ver, porém, acredito que é a igreja quem deveria se converter para dentro do mundo, pois é só num mundo hostil e cheio de pecados que deveríamos ser referenciais.
Mas, infelizmente uma grande parcela de cristãos vive duas realidades, uma dentro de casa e outra na igreja. Então devemos refazer a pergunta: Que tipo de marido (esposa) estamos nos tornando? Que tipo de pai (mãe) estamos nos tornando? Que tipo de funcionário estamos nos tornando e que tipo de patrão estamos nos tornando?
Por que como disse acertadamente um grande pregador: “é no cotidiano que vemos a diferença que Jesus fez ou não na vida do cristão”.
Na igreja evangélica fala-se muito em crescimento espiritual, mas na maioria das vezes não sabe de fato do que se trata. Por que se acha que crescimento espiritual se resume em adquirir dons espirituais, ou galgar títulos nos degraus ministeriais. “Só que a grande questão embutida no propósito de crescer diz respeito ao tipo de gente que nos tornamos à medida que caminhamos com Deus, e também à medida que envelhecemos”.
2. José se tornou um homem que entendeu que aquele que tem em abundância deve ajudar o próximo. V.25 (Cf.v 3-5.)
José entendeu que toda aquela abundância não era apenas para suprir as necessidades dos egípcios, embora tivesse sido eles quem a produziu. Mas sim para atender a necessidade das outras nações, inclusive de Canaã.
Um dos maiores ensinamentos do cristianismo, se não o maior, é que, se deve servir ao próximo. Vejamos as palavras de João o apóstolo em I João 3.16-18.
“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?”.
Gosto das palavras de um Frade menor, companheiro de São Francisco de Assis, aliás, não só das palavras como também do seu exemplo de vida. Certa vez este Frei, chamado de Junípero disse o seguinte: “As coisas materiais só valem em função do bem que se fizer ao próximo”. Concordo plenamente com esse franciscano.
Vejamos também este exemplo: “Frei Junípero quando via alguém mal vestido e nu, imediatamente cortava um pedaço ou lhe dava o seu hábito.
Seu superior, sabendo disso, em nome da obediência proibiu-o de dar parte ou todo o hábito.
Dias depois, o despojado Frei Junípero encontra um pobre maltrapilho que lhe pede uma ajuda, por amor de Deus. Compadecido, diz-lhe:
Nada tenho que possa te dar, senão o meu hábito. O meu superior, no entanto, pela santa obediência ordenou que não o desse a ninguém, nem mesmo parte dele. Mas se o tirares de mim, não te impedirei”.
A história é até um tanto hilária, mas exemplifica bem o que quero dizer. Que diferença gritante dos nossos pastores atuais, com seus armários abarrotados de ternos caros, e nem se quer tem a consciência de que crianças filhas do mesmo Deus que eles pregam, passam frio no inverno, e padecem de fome todos os dias enquanto eles se sentam em mesas fartas com seus filhos bem agasalhados. Que pena!
Gostaria de finalizar minhas palavras dizendo que o grande chamado do cristão, é imitar a Cristo. O que se torna uma redundância, pois o próprio termo cristão deriva do nome Cristo, então ser cristão, é ter um estilo de vida parecido com o de Jesus de Nazaré. Paulo apóstolo disse: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” Filipenses 2.5.
E foi o próprio Jesus quem disse: “Amem uns aos outros como eu vos amei” Evangelho de João 13.34.
“Ninguém tem tanto que não precise ser ajudado, e ninguém tem tão pouco que não possa ajudar”.
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