sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PSICOLOGIA, Os cinco sentidos: a porta de entrada do corpo

Estudo mostra como o ambiente influencia o nosso comportamento

A Psicologia Ambiental é uma disciplina que trata das relações entre o comportamento humano e o ambiente físico, é com o auxílio dela que podemos compreender a influência do meio no comportamento. Apesar de não ser tão explorado, o campo da Psicologia Ambiental tem sido uma fonte esclarecedora no que diz respeito à interação do homem com o meio ambiente. Jun Okamoto, mestre em paisagismo, explica que o homem é constituído de dois universos, um exterior em constante processo de adaptação ao meio e outro interior, cujo leitmotiv se exterioriza em ações como resposta à interpretação dessa realidade. Não é somente o biológico que se relaciona com o meio, pois cada indivíduo possui a sua diferença particular, não apenas pelos fatores genéticos, mas pelos arquétipos e formação construídos ao longo do tempo, vale salientar que cada um de nós tem uma experiência diferente, ninguém consegue entrar no mesmo rio duas vezes, as águas sempre se encontram em constantes transformações. Cada momento nos proporciona uma realidade diferente.

Jun Okamoto, apresenta outros fatores provenientes do tipo educação se constituem condicionantes que filtram as informações como o paradigma, a lateralidade cerebral, a modalidade de inteligência, a cosmovisão que dá ao homem a crença em seus valores pessoais, familiares, sociais e culturais. Isso porque as crenças, os fatos em que se acredita, é que fazem perceber a realidade. Quando nascemos não temos noção do certo e do errado, não temos definição para maldade e bondade, somos introduzidos então em uma crença de acordo com a sociedade que pertencemos e atravez destas informações que farão parte da nossa personalidade, somos moldados na forma de ser, sentir e agir. Somos o que a sociedade deseja que sejamos, sentimos o que muitas vezes não gostariamos de sentir e agimos de acordo com as normas petinentes a esta sociedade. Então surge a definição do anormal...mas, quem realmente é anormal? Aqueles que se deixam moldados por uma sociedade ou aquele que deseja viver seus proprios sentimentos e rompem com as proposições esperadas pela sociedade?

Kant explica que o padrão que liga o homem ao seu meio ambiente e ao contexto social é determinado pela relação do homem perante a realidade, os estímulos que provocam as sensações passam pela emoção, pelo pensamento (crenças) e utilizamos os princípios normativos, chegam às ações e novamente, pelo mesmo processo, retornam ao sentimento que gerou a realidade. Não se tem na mente a realidade absoluta, mas somente aquilo que é perceptível por meio dos fatos observados. E estes são decorrentes da atenção diante do universo de pensamentos, da interpretação dos fatos ou eventos que ocorram no espaço real.

O fato de se ter olhos abertos diante do meio ambiente não que dizer que se veja a realidade, pois a realidade é concebida por meio de conceitos simbólicos, mitos, até muitas vezes sua apreensão requer uma profundidade de visão maior que a que normalmente se tem, afirma Okamoto. Se analisarmos dois indivíduos, um oriental e um esquimó, em contato com a floresta amazônica, entenderemos que os olhares e as percepções do ambiente serão completamente diferenciados, pois não basta o olhar, há uma serie de informações adquiridas anteriormente que serão fatores importantes nesta realidade, pois o ser humano é constituído dos fatores genéticos interagindo com o meio ambiente ( físico e sócio-cultural).

Para Kant, o homem vive no mundo subjetivo, do sensível, do inteligível e da razão. Ainda, segundo Jun Okamoto, a consciência humana é formada de três grandes faculdades: Sensibilidade, Entendimento e a Razão. Inicialmente, milhares de impressões sensíveis bombardeiam os olhos e o sistema nervoso, de acordo com os mecanismos puramente físicos e fisiológicos, só que essa impressão chega como milhares de pequenos pontos instantâneos, sem nenhuma ordem e seqüência, como se fosse um pipocar caótico sobre os órgãos sensíveis. É aí que entra em ação, para receber bombardeios de impressões, as formas da sensibilidade, que são o espaço e o tempo.

A razão, que constitui a terceira e ultima faculdade, é a faculdade das idéias pela qual nós podemos pensar a essência das coisas, dos números, aplicando-lhes as categorias já mencionadas. Temos a sensação do ambiente pelos estímulos desse meio, sem se ter consciência disso. Pela mente seletiva, diante do bombardeio de estímulos, são selecionados os aspectos de interesse ou que tenham chamado a atenção, e só aí é que ocorre a percepção (imagem) e a consciência (pensamento, sentido) resultando em uma resposta que conduz a um comportamento.

Thomas Reid, filósofo escocês, concebe duas funções para os sentidos, os externos que nos fazem sentir e perceber. Segundo ele, a sensação, tanto agradável, quanto desagradável, liga-se à crença que desperta em nós a existência desses objetos externos. À soma dos dois elementos, concepção dos objetos e crença na existência, Thomas Reid denomina de percepção.

[...] todos os nossos órgãos do sentido tem características comuns: Possuem receptores que são células nervosas especializadas, capazes de responder a estímulos específicos. Recebem, transformam e transmitem, para o restante do sistema nervoso, grande numero de informações existentes no ambiente, na superfície e no interior do nosso organismo. (TIEDERMANN & SIMÕES, 1985, p. 5).

A palavra corpo é uma das mais ricas da língua portuguesa. O corpo sempre foi objeto de curiosidade por ser uma engrenagem misteriosa. Esse fato levou com que cada área do conhecimento humano apresentasse possíveis definições para o corpo como seu objeto de estudo. Platão definiu o homem composto de corpo e alma. A teoria filosófica de Platão baseia-se fundamentamente na cisão entre dois mundos: o inteligível da alma e o sensível do corpo. A alma é detentora da sabedoria e o corpo é a prisão quando a alma é dominada por ele, quando é incapaz de regrar os desejos e as tendências do mundo sensível. A parte do corpo, sede de nossos sentidos, encontra-se localizado no cerebro e é dele que provem todos os comandos, tanto os perceptivos, quanto as respostas a esta percepção.

A captação do meio externo é realizada celulas aferentes encontradas nos orgãos dos sentidos: visão, audição, oufato, gustação e tato, estes são portas de entrada das percepção ambiental que será transmitida ao cérebro através do sistema nervoso, repassando para o cerebro, o qual tendo em si informações previas, construidas ao longo do tempo, dará ordem ao organismo. Por isso as pessoas tem sua maneira particular e propria de reagir uma dada situação, dependerá dos conteudos subjetivos existenciais, do funcionamento do sistema nervoso e da operacionalidade dos sentidos, através dos seus receptores.

1 VISÃO - A luz penetra no olho pela pupila, o orifício na íris. O ajuste do tamanho da pupila em resposta a mudanças na iluminação representa a acomodação entre a sensibilidade (capacidade de detectar a presença de objetos pouco iluminados) e a acuidade (capacidade de enxergar detalhes dos objetos). Quando o nivel de iluminação é alto e a sensibilidade não é importante, o sistema visual tira vantagem da situação, contraindo as pupilas. Quando s pupilas estão contraidas, a imagem que chega a cada retina é mais precisa e há maior profundidade de foco. Atras de cada pupila, há uma lente. Ela foca a luz que chega sobre a retina. Quando dirigimos nosso olhar para algo proximo, a tensão nos ligamentos que seguram cada lente no lugar é reduzida pela contração dos musculos ciliares: assim, a lente assume o seu formato cilindrico natural. Isso aumenta a capacidade da lente de refratar a luz e, focar objetos mais proximos de forma nitida. Quando focamos um objeto distante, os musculos ciliares relaxam. Nesse caso, a lente fica mais plana. O processo de ajuste da configuração das lentes para focar imagens sobre a retina é acomodação. ( JOHN PINEL, 2005, p. 158).

O aparelho visual é tão sensivel que ele mesmo cuida de sua propria conservação; Através das pálpebras resguardam o olho das particulas suspensas no ar. Através de movimentos automaticos mantem a superficie externa do globo ocular sempre limpa e insenta de corpos estranhos, mas quando uma particula consegue romper esta proteção, logo fica vermelho pela irritação de uma membrana de revestimento, chamada conjuntiva, bloquear a passagem deste corpo estranho. Além do mais as glandulas lacrimas liberam a lágrima que impede o ressecamento da conjuntiva. Não podemos ter a mesma percepção visual repedita, pois todas as vezes que fitamos alguma coisa por vezes seguintes, sempre haverá alterações tanto no campo visual (objeto) quanto no campo organico e psicologico (em nós mesmo). Além do mais, ninguem ver da mesma maneira que o outro, pois, o que contemplamos é o que se encontra dentro de nós, os detalhes que cada figura nos fornece encontra-se interagindo com os nossos conteudos internos.

2 AUDIÇÃO - Para melhor entender o ouvido podemos dividi-lo em 3 partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O ouvido externo é responsável pela captação do som, o médio pela condução e o interno pela transmissão do som ao cérebro.

Em resumo, a audição ocorre da seguinte forma: o som é captado pelo ouvido externo e conduzido para a membrana timpânica, que leva a vibração para os ossículos (martelo, bigorna e estribo). O último ossículo está em contato com uma membrana que vibra e faz com que os líquidos dentro da cóclea movimentem as células ciliadas, que transmitem o som para o nervo auditivo e, conseqüentemente, para o cérebro.

Há muito tempo a função auditiva tornou-se a base fundamental sobre a qual se construiu o complexo sistema da comunicação humana. Por isso uma alteração da percepção auditiva sempre leva a problemas no desenvolvimento da fala, linguagem, leitura, na aprendizagem e até na socialização de crianças, adultos e idosos.

Vivemos em uma época de poluição, e uma das poluições que mais tem se agravado nos últimos dias é a poluição sonora. O excesso de automóveis tomando conta dos trânsitos proporciona um barulho infernal, as musicas ouvidas pela nova geração é um dos fatores que vem somar aumentando o índice de deficiência auditiva, além dos casos de estresse e neuroses provocados pelos barulhos das maquinas e sirenes das fabricas nas grandes cidades. Pessoas que trabalham em locais barulhentos tendem a desenvolver deficiência auditiva tais como, Otoesclerose, Doença de Méniere, e descontrole emocional mais que outros que não se encontram exposto aos barulhos. OMS (1993) destacou que no Brasil cerca de 10% da população geral, são portadores de deficiência. A deficiência auditiva de grau e etiologia variada, ocupa o terceiro lugar entre as deficiências existentes no país.

Pesquisa realizada pelo Hospital Policlin revela que atualmente, milhões de pessoas acima dos 3 anos de idade têm alguma forma de perda de audição. Durante a maioridade, a condição afeta aproximadamente 3 por cento de homens e mulheres. Em geral, o risco de perda da audição aumenta com a idade. Entre 24 e 40 por cento dos adultos acima da idade de 65 anos têm dificuldade para ouvir. Trinta por cento das pessoas acima dos 85 anos são surdas em pelo menos uma orelha. (www.polliclin.com.br/drpoli/063).

3 GUSTAÇÃO - O paladar é um dos cinco sentidos dos animais. É uma capacidade que nos permite reconhecer os sabores de substâncias colocadas sobre a língua. Na língua, existem as papilas gustativas que reconhecem a substância e enviam a informação ao cérebro. Mas o teto da boca (o palato) também é sensível aos sabores. As papilas gustativas são estruturas compostas por células sensoriais que são capazes de discernir entre quatro sabores primários, o amargo, o ácido, o salgado e o doce. Cada substância excita um tipo de célula sensorial, que é o que determina a sua percepção de sabor.

O sentido gustativo e olfativo é chamado sentidos químicos, porque seus receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação sensorial da língua e do nariz.

4 OLFATO - Pelo estímulos dos epitélios olfativos localizados no teto da cavidade nasal é realizado o sentido do olfato. O epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual com seis pêlos sensoriais; um cachorro tem mais de 100 milhões de células sensoriais, cada uma com pelo menos 100 pêlos sensoriais. No homem e demais animais superiores, o órgão olfativo se forma a partir de um espessamento epidérmico situado na região etmoidiana do crânio, a neurorecepção somente será ativada após as moléculas das substâncias odoríferas serem dissolvidas no muco que recobre a membrana pituitária.

É impossível desassociar a percepção dos órgãos sensoriais, principalmente quando se trata do olfato. Sempre que passamos por uma experiência relacionada ao odor, registramos em nosso cérebro a experiência relacionada ao cheiro e todas as vezes que sentimos este cheiro nos lembramos da experiência. Se a experiência foi agradável teremos boa lembrança e a necessidade de repetir, porém se a experiência foi desagradável sentiremos o desejo de esquiva, na busca de escaparmos desta desagradável experiência. É o exemplo do perfume de alguém especial na nossa vida, todas as vezes que sentimos o cheiro, desejamos estar pertinho desta pessoa. Quando associamos o cheiro a determinado alimento, desejamos saboreá-lo. Porém, ao sentirmos o cheiro de fio queimado ficamos incomodados e procuramos nos livrar, e assim por diante, temos em nosso cérebro vários cheiros associados a diversas experiências vividas no passado.

Porque um simples resfriado é capaz de nos fazer perder a capacidade de perceber o aroma, quase que por completo? A corrente de ar que carrega as moléculas odoríferas possui grande dificuldade em chegar à zona olfativa da mucosa, devido à grande quantidade de muco segregado.

5 TATO - Enquanto Aristóteles incluía a percepção da temperatura e da dor, hoje em dia o termo é mais utilizado para a percepção da pressão por terminações nervosas existentes na pele. Discute-se ainda o fato de existirem receptores nervosos diferenciados para vários tipos de pressão: pressão ligeira e intensa ou pressão breve e permanente - o que implicaria, talvez, a subdivisão deste sentido noutros. A complexidade do estudo deste sentido aumenta se pensarmos que também existem receptores distintos que detectam a pressão visceral, como quando estamos de estômago cheio; ou receptores endócrinos que proporcionam a sensação de "tensão" - como quando apresentamos ansiedade ou se tomam substâncias como a cafeína.

Para que nós sejamos capazes de obter as percepções táteis existem na pele uma série de terminações nervosas e corpúsculos. Eles são os chamados receptores táteis.

Corpúsculo de Vater Paccini - percepção da pressão;

Corpúsculo de Meissner - percepção do tato leve quando passamos ligeiramente as mãos por uma superfície, são eles os responsáveis pelas sensações que experimentamos;

Discos de Merkel - como os Corpúsculos de Meissner, captam toques leves;

Corpúsculo de Krause - percepção do frio;

Corpúsculo de Ruffini - percepção do calor;

Terminações nervosas livres (nociceptores) - terminações nervosas sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente aos dolorosos. Não formam corpúsculos. É importante frisar que a dor que sentimos é sempre igual podendo variar apenas em intensidade, logo, a dor que sentimos ao quebrar um braço é igual a dor que sentimos quando recebemos um beliscão variando apenas na intensidade. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tato ).

Somos capazes de identificar um objeto ou uma pessoa utilizando apenas o tato, isto porque toda imagem armazenada na mente e relacionada aos estímulos táteis são invocadas no instante que as estimulamos. Assim, uma pessoa que perde a visão pode reconhecer alguém ou alguma coisa utilizando o tato. Pesquisas científicas comprovam que problemas alérgicos podem está associado a somatização.

Ariane tem 19 anos e prepara-se para a primeira viagem ao exterior: vai passar um mês em Londres, prestando serviços a uma família em troca de hospedagem. Quando volta, sua mãe quase não a reconhece no aeroporto: o rosto da filha está completamente coberto pela acne. Na tentativa de explicar a transformação na pele de Ariane, a mãe sugere tratar-se de uma reação à mudança no cardápio e acredita que o retorno à dieta habitual e o uso de cremes irão eliminar as espinhas. Mas isso não acontece. Pústulas e pápulas permanecem. A culpa não é dos hábitos alimentares ingleses: em Londres, Ariane viveu uma intensa história de amor. Ao terminar o relacionamento, somatizou a ansiedade e o stress. Este é um,dentre muitos exemplo de acne psicossomática. O dermatologista Roberto Bassi, professor de psicossomática da Universidade de Ferrara, na Itália, estuda os efeitos da somatização no maior órgão do corpo, a pele, e afirma que a acne é uma resposta defensiva à ansiedade: “O contato com outras pessoas costuma ser fonte de stress em adolescentes; as espinhas são álibis para reduzir ocasiões de socialização. O processo tem início no cérebro, onde um mecanismo hormonal lança o sinal que atravessa hipotálamo e hipófise, chega às glândulas sebáceas e à pele, desencadeia a inflamação e predispõe a infecções”. (Mente e cérebro, reportagem edição 176, set/2007).

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