quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CGADB E CPAD: A QUE PONTO CHEGAMOS!




A notícia de que alguns pastores de diferentes convenções estaduais abriram processo na Justiça do Rio de Janeiro para pedir a prestação de contas da CGADB e da CPAD é mais um capítulo nessa longa e desgastante maratona iniciada no Anhembi, cujo fim, pelo que posso perceber, não chegará tão cedo. Faltou aos diretores de ambas as instituições atentar para um fato: normas estatutárias existem para ser cumpridas e se isso não acontece a anarquia se instala. Queria sinceramente ter outras palavras para atenuar a minha forma de expressar, mas não disponho de alternativa. Anarquia é o que se verifica no âmbito da administração de nossa entidade, embora sua liderança tenha sido muitas vezes alertada que se os rumos não fossem corrigidos chegaríamos a esse ponto.


Algumas pessoas com as quais tive contato pessoal acharam que foi muito pesada a analogia com o baile da Ilha Fiscal, empregada por mim na postagem anterior sobre o assunto. Deixaram subentendido que eu poderia ter sido um pouco mais "prudente", menos rigoroso na comparação, "pois tudo está sob controle e sem nenhum ilícito em ambas as instituições". Poderia eu até admitir que esteja, mas se isso é verdade o correto seria não permitir que tais questionamentos chegassem à Justiça, como chegaram, mas adiantar-se a eles e pôr tudo em pratos limpos em cumprimento ao que rezam os estatutos de ambas as instituições. Mas até agora nada disso foi feito.


Ao contrário, tivemos a renúncia do então primeiro vice-presidente, anunciada em carta na qual afirma, entre outras alegações, que um dos motivos para a sua atitude foi a inoperância da liderança em sanar os graves problemas contábeis. Não demorou muito e veio também a renúncia do pastor Antonio Silva Santana, então primeiro tesoureiro, que apresentou indícios ainda mais consistentes, no comunicado enviado à Secretaria-Geral da CGADB. E, ao que eu saiba, nada se falou sobre o assunto, nem mesmo na reunião de presidentes de convenções estaduais convocada para o dia 30 de junho e realizada na data especificada, nas dependências da sede da entidade.


Reconheço a recomendação de Paulo aos coríntios (1 Co 6.1-9) como o caminho correto a ser trilhado entre os crentes em questões litigiosas. No meu caso, já sofri danos, alguns irreparáveis, e nunca levei ninguém e nenhuma instituição à Justiça, cristãos ou não. Espero que nunca tenha de fazê-lo. No entanto, em relação às instituições acima faz tempo, muito tempo, por sinal, que o texto paulino não é levado em consideração pela intransigência dos que as lideram. Agora mesmo, o novo primeiro vice-presidente da CGADB, pastor Oscar Moura, por quem tenho profundo respeito, teve de buscar na Justiça o seu direito, com a vacância, para ser investido no cargo, quando, houvesse predisposição para a discussão e o diálogo, a questão poderia ser resolvida interna corporis.


Não entro no mérito da linha doutrinária adotada pelo pastor Silas Malafaia. Essa não é a discussão aqui. Mas sabe-se que durante o tempo em que tanto ele quanto o primeiro tesoureiro exerceram suas funções foram insistentes em pedir aos seus pares que atentassem para os graves problemas contábeis em ambas as instituições. No próprio comunicado da renúncia do pastor Antonio Silva Santana é mencionado, por exemplo, que o Conselho Fiscal solicitou à Mesa Diretora uma auditoria independente sem que a medida até hoje tenha sido providenciada. Apenas a título de comparação, volto novamente ao imbróglio Dake. Duas resoluções determinativas foram aprovadas pelo CD e pela CA e até hoje não surtiram nenhum efeito. Como explicar tal comportamento? A única ideia que me vem à cabeça é que os pares dos renunciantes parecem não conseguir enxergar que o barco está fazendo água. Não tem outro jeito. Parecem ter o mesmo sentimento dos governantes do império durante o baile da Ilha Fiscal.

A inicial informa, por exemplo, que em março de 2010 duas notificações extrajudiciais foram encaminhadas a quem de direito com a solicitação para que num prazo de dez dias a prestação de contas fosse apresentada, sem que houvesse qualquer manifestação das partes solicitadas. Informa, ainda, que novamente, em maio, os notificados receberam outras notificações extrajudiciais, não havendo das partes outra vez qualquer iniciativa, pois "novamente quedaram-se inertes, sem prestar as contas solicitadas ou mesmo ofertar qualquer resposta àquele questionamento extrajudicial". Ora, vale lembrar que essas iniciativas têm o fito de evitar uma demanda judicial desnecessária, se houver da parte demandada o devido esclarecimento dos fatos, bem como assegurar que foi concedida a ela a oportunidade da correção do feito antes da demanda propriamente dita. No entanto, nenhuma medida foi tomada. E cabe mencionar que, a ser verdade o que se pretende seja apurado, trata-se de fatos extremamente graves.

Assim, pelo meu entendimento não restou outra alternativa aos pastores elencados na inicial (soube que havia mais de mil procurações prontas para juntar-se à petição) abrir o processo para que pelas vias judiciais todos sejamos esclarecidos sobre esses indícios até porque é direito de todos os associados da CGADB o acesso às informações e à deliberação sobre as contas dos órgãos acima, como peticionado na inicial. Como o processo começou a tramitar no dia 30 de junho e foi dado o prazo de dez dias aos responsáveis por ambas as instituições para manifestar-se nos termos da inicial, aguarda-se que até a próxima semana haja algum pronunciamento.

É esperar para ver.

No entanto, se diversas medidas saneadores fossem tomadas depois das eleições, não teríamos chegado até aqui.

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