Os caps. 8-10 descrevem um dos maiores avivamentos do AT e apontam vários princípios fundamentais para um avivamento e renovação espirituais. O avivamento e a renovação, procedem exclusivamente de Deus. Os instrumentos que o propiciam são:
1) a Palavra de Deus (w.1-8),
2) a oração (v.6),
3) a confissão de pecados (cap.9),
4) um coração quebrantado é contrito (v.9),
5) renúncia às práticas pecaminosas da sociedade contemporânea (9.2)
6) e renovação do compromisso de andar segundo a vontade de Deus e de fazer da Palavra de Deus o nosso viver (10.29).
O avivamento teve início mediante um autêntico retorno à Palavra de Deus e um esforço decisivo para a compreensão da sua mensagem (v.8). Durante sete dias, seis horas por dia, Esdras leu o livro da lei (vv.3,18). Uma das principais evidências de um avivamento bíblico entre o povo de Deus é a grande fome de ouvir e ler a Palavra de Deus.
Este capítulo da Bíblia descreve um dos maiores cultos de adoração ao Senhor, de todos os tempos. Deus deseja a adoração de seu povo e o conclama a adorá-lo continuamente (cf. Sl 29.2; 96.9).
Por meio de Esdras e dos levitas, vemos o que deve acontecer sempre que a Palavra de Deus for ministrada aos fiéis. Muitos dos que voltaram do exílio, já não entendiam o hebraico, uma vez que o seu idioma era agora o aramaico. Por isso, quando as Escrituras eram lidas em hebraico, um grupo de homens dedicados fazia a interpretação para o aramaico, de tal maneira que os fiéis pudessem compreendê-las e aplicá-las à sua vida. Deste modo, o povo se regozijou 'porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber' (v.12). A Palavra como revelação divina, o arrependimento, o avivamento espiritual e a alegria estão todos potencialmente presentes; eles serão desencadeados pelo Espírito Santo, através de mensageiros ungidos que proclamem a Palavra de Deus, com clareza, poder e convicção. (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág. 739)
A nova etapa na vida dos judeus repatriados precisava ser diferente. Para que houvesse uma verdadeira operação de Deus no meio deles, o próprio povo agiu para que a Palavra de Deus fosse lida.
Isso fez com que Esdras, o escriba sacerdote, trouxesse o livro da Lei de Moisés e o lesse perante o povo. Ele estava sob um púlpito de madeira e ali leu a Palavra do Senhor para o povo.
Muitas vezes Deus nos coloca em aperto para sabermos dar valor à sua Palavra, Foi o que aconteceu com aquele povo. Haviam sido oprimidos e maltratados, mas agora reorganizado e na sua terra, reconhecia que a Palavra de Deus era a verdade. Reconheceram as bênçãos de Deus e queriam conhecer melhor a sua Palavra. Exigiram então que ela lhes fosse lida,
Esdras lia o livro da lei é o povo chorava. Estavam compungidos em seus corações como o povo no Dia de Pentecostes. Um verdadeiro avivamento em torno da Palavra de Deus.
Esdras e Neemias foram dois instrumentos que Deus muito usou em favor do remanescente judaico que retornou do exílio babilônico. Esdras, sacerdote e escriba da lei de Deus, veio primeiro e cuidou da parte religiosa. Ele é o grande líder do avivamento que estudaremos esta semana na lição 09. Neemias veio mais tarde, como governador, mas foi também um líder espiritual.
Foi desse remanescente avivado que, séculos mais tarde, viria ao mundo Jesus, o Messias Redentor.
A) A Palavra de Deus Anunciada
Estamos diante de um dos maiores avivamentos dos tempos bíblicos. O relato bíblico é resumido em três curtos capítulos, mas alcançou todo o remanescente de Israel e seu efeito estendeu-se pelos séculos que precederam o Novo Testamento.
1. O povo reunido para ouvir a Palavra (vv. l, 2)
O dirigente daquela grande congregação era Esdras, um obreiro preparado na Palavra de Deus e também para ensiná-la (Ed 7.10).
Era o dia 1º do mês 7º, a festa sagrada das Trombetas, assinalando o início de um novo ano sagrado (Nm 29.1; Lv 23.24). Fazia mais de dez anos que Esdras havia liderado um avivamento entre os repatriados de Israel (Ed 10). Agora, com a ajuda de outro líder idôneo, Neemias, que se fazia acompanhar de novos repatriados, o movimento seria muito maior; a poderosa operação do Espírito Santo atuaria para reunir o povo„.
a) Povo unânime. "Como um só homem" (v.l). Como o fato aconteceu aqui, só pode ser obra de Deus e sua sabedoria sobre tudo e todos. É todos sentindo na alma um só propósito. Deus fez isso também num outro avivamento em Jerusalém, conforme Atos 4.32.
b) Povo sedento de Deus. "Que trouxesse o livro da Lei de Moisés" (v.l). O povo é que pediu a Bíblia. Num avivamento real, como os da Bíblia e da história da Igreja isso acontece. Hoje em nossas igrejas o pastor se cansa de convidar o povo para ser salvo, para a oração, para a cooperação individual e ninguém aparece. Um avivamento não é o céu, mas vem do céu sem intermediários, para nos aproximar mais de Deus.
c) O povo em geral. "Homens, mulheres e de todos os entendidos para ouvirem" (v.2). Noutras palavras: homens, mulheres e crianças, como na grande reunião realizada antes pelo mesmo homem de Deus, Esdras (Ed 10.1). O contingente feminino é maior em toda igreja e requer de todo dirigente mais atenção espiritual e social. Há poucas mulheres empenhadas na Obra de Deus, quando devia haver mais. Nossas crianças precisam de um avivamento para que, na idade mais tenra, multidões delas sirvam ao Senhor. O inimigo está usando de toda estratégia e astúcia para corromper a mentalidade infantil, dentro e fora de casa, e ao mesmo tempo enganar seus pais.
d) Povo reverente e ordeiro. "E o povo ficava de manhã cedo ao meio-dia" (v.3). Esse povo, além de sedento de Deus, era reverente e ordeiro. Mais de seis horas esse povo, voluntariamente, permaneceu ali, atento à exposição da Palavra de Deus. Ninguém precisou vigiar nem forçar o povo a ficar. Muitos crentes comportam-se num culto hoje como se estivessem em sua casa ou parque de diversões. Ficam desatentos, conversam, riem, brincam, entram e saem do templo, etc. Irreverência com as coisas santas de Deus é pecado grave (Sl 89.7; Ec 5.1,2).
2. Obreiros preparados (v.4)
Esdras, o dirigente da obra "estava sobre um púlpito", mas antes a Bíblia diz que ele estava "preparado" (Ed 7.10). Se um obreiro não tem preparo e experiência para fazer o trabalho do Senhor é melhor ficar "sob" o púlpito e não "sobre" ele!
Um homem repleto da Palavra e zeloso por Deus como Esdras contagia qualquer auditório com essa Palavra.
Esdras tinha auxiliares preparados para ajudá-lo nas reuniões desse avivamento e também para cuidar dos frutos por ele produzidos.
Uma igreja avivada precisa ter muitos obreiros preparados para as diferentes tarefas que a Obra apresenta, o que inclui, em primeira mão, a Escola Dominical. Toda igreja para crescer depende do conhecimento da Palavra.
B. A Palavra de Deus Recebida.
1. O povo reverencia a Palavra (v.5).
Esdras, sendo sacerdote do Senhor e escriba, leu a Palavra em forma de homília(Pregação em estilo familiar e quase coloquial sobre o Evangelho). A presença de Deus era sensível, real e poderosa. O povo todo levantou-se. A mão de Deus que impeliu o povo por fora, para acorrer àquele local, agora moveu seus corações para honrar a Palavra de Deus. Foi
espontâneo. Foi unânime. Foi de Deus.
2. O povo louva a Deus com simplicidade e humildade (v.6).
As palavras de louvor do povo "Amém! Amém!" são comuns e simples; só que, naquele momento, ecoavam saturadas de inspiração e unção do Espírito. É também o caso do Salmo 136, em que metade dele é uma frase repetida, mas a unção do salmista era tal que Deus proveu a sua inclusão na sua santa Palavra. Nisto se equivocam os irmãos que se ocupam do louvor na igreja apresentando números com linguagem e melodia complexas; quando podiam ser simples, mas regidas pelo Espírito. Por que dificultar as coisas simples, mas poderosas, de Deus?
3. O povo fica firme pôr convicção (v.7).
Quatro lições principais extraímos deste versículo.
(1) A igreja ter obreiros apropriados para cuidar dos frutos do avivamento. Os obreiros que aparecem ensinando no versículo 7 não são os mesmos mencionados antes, e estavam em baixo, ao lago do povo. (Os do v. 4 estavam com Esdras no púlpito.)
(2) A continuação ou conservação de um avivamento real depende de um vagaroso, sadio e contínuo ensino da Palavra aos novos e velhos crentes. Por isso muitos avivamentos locais não persistem.
(3) Que o ensino da Palavra produz convicção profunda, firmeza e satisfação. De fato, "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Rm 10.17). O povo ficou mais de seis horas sem sair do seu lugar, prazerosamente.
(4) Que o louvor produzido pelo Espírito Santo abre a porta do ensino da Palavra. Após o louvor e a adoração do v.6, segue-se o ensino do v.7.
4. A Palavra de Deus explanada (v.8)
Não basta ler a Palavra; ela precisa ser pregada, ensinada, explicada, explanada, desdobrada, aclarada, conforme o tipo de ouvinte. A pergunta de Filipe ao ministro da rainha Candace e a resposta deste continuam a ecoar dentro da Igreja: "Entendes tu o que lês?", "Como poderei entender se alguém me não ensinar" (At. 8.30,31).
C. A Palavra de Deus e Seu Efeito
O poderoso e bendito efeito da Palavra não se faz esperar quando ela é acolhida por corações sedentos como aqueles (Is 55.10,11; Sl 12.6; At 19.20). Neemias era "o governador", mas Esdras era "sacerdote e escriba". Num avivamento essas coisas ficam em seus devidos lugares quanto à cooperação. Neemias aparece apenas uma vez neste capítulo (v.9); Esdras aparece nos vv.l, 2, 4,5,6,9,13. Igreja e política são coisas diferentes.
1. Emoção e convicção.
Nos vv. 8-12 nitidamente se vê a diferença entre estes fenômenos da alma e do espírito. Os obreiros ajudaram o povo, aqui, o qual chorava mais emocionado do que convicto. A emoção é passageira e sua lembrança nos emociona sempre; a convicção persiste, é uma certeza firme, inabalável que a fé em Deus comunica. A emoção está ligada aos nossos sentimentos; convicções estão ligadas a nossa razão, que é a função mais elevada do nosso espírito, principalmente quando ativada pelo Espírito Santo.
Portanto, as emoções podem ir de um extremo a outro da alma, como o pêndulo de um relógio de parede, e muitos pensam que somente isto é poder de Deus. Mas o verdadeiro avivamento só acontece quando o povo, arrependido e contrito, se humilha perante o Senhor chora pelo poder convincente da Palavra.
Se estivermos dispostos a andar de acordo com a Palavra de Deus, não haverá limites para suas bênção. 'Fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança' (Ml 3.10). 'O Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão' (Sl 84.11).
Centenas de outras promessas declaram a mesma provisão. Deus sempre está a nosso favor. Se nós, que somos maus, sabemos dar boas coisas aos nossos filhos, quanto mais 'dará o Pai celestial o Espírito àqueles que lho pedirem?',(Le 11.13). Porque, então, alguém continuaria afogando-se numa derrota espiritual, enquanto todos os recursos da graça estão à disposição do coração obediente?
Mas será que acreditamos realmente no que Deus fala? Essa pergunta deve ser feita sem demora, já que tudo o mais depende de nossa resposta. Obviamente, se há alguma dúvida quanto à fidedignidade da Palavra revelada de Deus, é provável que haja pouco interesse em avaliar nossa vida por meio dela. Sistemas doutrinários e teológicos que desacreditam as Santas Escrituras jamais produzirão avivamento.
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